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Sofrimento psíquico em profissionais da saúde: pertencimento, esperança e fatores sociodemográficos em estudo preliminar

Atualizado: 29 de out.

Dados utilizados para a pesquisa realizada pela equipe Pereira, Diogo Bonioli Alves (UFRJ; UNIGAMA); Gama, Danubia Alves Gama (UNESA); Antunes, Elza Fernandes (FAMATH); Campos, Luis Antônio Monteiro (UCP-PUC-Rio) cuja apresentação aconteceu no 55ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Psicologia, em formato de Painel.


Resumo


O sofrimento psíquico em profissionais da saúde constitui um fenômeno de relevância crescente, associado às demandas emocionais, cognitivas e relacionais do trabalho hospitalar. Este estudo teve como objetivo investigar o efeito da necessidade de pertencimento, da esperança e de fatores sociodemográficos sobre o sofrimento psíquico em profissionais da saúde. Fundamenta-se na hipótese de que o sentimento de pertencimento e a esperança configuram variáveis psicológicas protetoras capazes de moderar o impacto das pressões organizacionais e do estresse ocupacional sobre a saúde mental desses trabalhadores. Trata-se de um estudo quantitativo, descritivo e exploratório, realizado com 120 profissionais da saúde hospitalar de diferentes estados brasileiros. Os participantes responderam à Escala de Necessidade de Pertencimento (ENP), à Escala de Esperança Disposicional (EED), à Escala de Depressão, Ansiedade e Estresse (DASS-21) e a um questionário sociodemográfico. A coleta foi realizada de forma online, por meio da plataforma Google Forms, com amostragem por conveniência. As análises estatísticas compreenderam estatística descritiva, correlação de Pearson, regressão linear e análise de covariância (ANCOVA). A amostra foi composta majoritariamente por mulheres (75%), com idade entre 41 e 60 anos (56,7%), predominando técnicos em enfermagem (45,8%) e enfermeiros (19,2%). Os instrumentos apresentaram boa consistência interna (DASS = 0,93; ENP = 0,85; EED = 0,81). Verificou-se correlação positiva moderada entre sofrimento psíquico e necessidade de pertencimento (r = 0,494; p < .001), indicando que níveis mais altos de sofrimento se associam a maior carência de vínculos sociais significativos. Constatou-se, ainda, correlação negativa entre esperança e sofrimento psíquico (r = –0,414; p < .001), sugerindo o papel protetor da esperança frente às adversidades emocionais. A regressão linear apontou que a necessidade de pertencimento explica 42,3% da variância do sofrimento psíquico (R² = 0,42), enquanto a esperança explica 36,4% (R² = 0,36), ambas com significância estatística (p < .001). O modelo combinado das duas variáveis explicou 63,6% (R² = 0,63) da variância total. Entre as variáveis sociodemográficas, apenas o grupo étnico mostrou diferença significativa quanto à necessidade de pertencimento (F = 3,53; p = 0,017), sendo os profissionais pardos aqueles que relataram maior déficit de pertencimento em comparação aos brancos. Os resultados evidenciam que tanto a esperança quanto o pertencimento exercem papéis cruciais na saúde mental dos profissionais hospitalares. O sentimento de aceitação e a expectativa positiva diante do futuro atuam como mediadores emocionais capazes de reduzir os níveis de estresse e ansiedade. Esses achados corroboram a literatura que aponta o pertencimento como uma necessidade humana fundamental (Baumeister & Leary, 1995) e a esperança como um recurso cognitivo-emocional resiliente. Conclui-se que o fortalecimento do pertencimento nas equipes de saúde e a promoção institucional de esperança podem contribuir significativamente para a mitigação do sofrimento psíquico e para o aprimoramento da qualidade de vida no contexto hospitalar. Recomenda-se, para pesquisas futuras, o aprofundamento dos modelos preditivos e a ampliação da amostra para diferentes contextos institucionais, visando compreender de forma mais abrangente os determinantes psicossociais da saúde mental dos profissionais de saúde.


Palavras-chave: Sofrimento psicológico; Necessidade de Pertencimento; Profissionais Hospitalares


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